Anos atrás eu tinha um jardim, um lindo jardim que ficava na parte dos fundos de minha casa. Amava-o tanto, fazia de tudo para mantê-lo como a coisa mais linda que já havia visto. Dedicava maior parte do meu tempo a ele e fazia tudo com muito carinho e amor, sempre feliz por estar mantendo vivo uma das mais belas coisas da terra.
Certo dia eu acordei e estava chovendo, minha cama estava tão quentinha, tão gostosa que não quis sair dali...A chuva continuou e engrossou...trovoadas e muito aguaceiro...
Quando enfim a chuva parou, e eu tive coragem de levantar da cama, fui ver meu belo jardim. Ele estava uma bagunça...sujo, com as flores arrancadas, muita lama...enfim estava muito feio... Mas naquele momento não fui cuidar dele, fui fazer outras coisas.
Passei semanas passando por aquele jardim e sem me preocupar em por novamente o meu amor nele. Passados mais alguns dias, eu praticamente esqueci da existência dele.
Sempre muito apressada com a minha vida deixei ele abandonado.
A frente da minha casa era muito bonita, bem moderna e encantadora aos olhos de todos, mas somente eu via o sujo jardim. Ninguém mais ia tão a fundo da minha casa, pois não deixava. Ninguém tinha que ver o que antes era o orgulho de minha vida. Muitas vezes eu era elogiada por ter uma casa tão bela e ficava iludida com tais, mas evitava olhar para os fundos. Algumas outras pessoas que me conheciam há mais tempo e assim conheciam bem minha casa, perguntavam por vezes daquele lindo jardim que eu cultivava com tanta devoção. Sempre dava um rodeio e despistava os questionamentos.
Conheci uma nova vida, pois aproveitava o tempo que outrora dedicava ao jardim com o mundo que eu estava conhecendo e me adaptando. Vivi muitas coisas, andei por muitos lugares...algumas vezes encontrei uns jardins....uns tão belos ou mais que o meu era, outros quase igual ao que ele estava da última vez que o vira (como será que ele estava?)...
Então, muito tempo depois eu comecei a me sentir triste...busquei muitas coisas que pudessem me alegrar. Ouvi músicas, sai com amigos, dancei, gritei... chorei. E nada mudou como eu estava me sentindo. Por vezes dava o efeito reverso, pois mais me deprimia.
Resolvi, então, parar para pensar no que realmente me trazia felicidade. Lembrei do jardim....
No mesmo dia fui nos fundos da casa sozinha e fiquei chocada com a imagem quem vi. O meu lindo jardim tava pior do que tudo. Havia muitos mosquitos, muito mato, muitas coisas que não faziam parte do cenário. Chorei...muito, pois não entendi como havia deixado a situação chegar aquele ponto?!
Mas enfim arregacei as mangas e voltei a me dedicar. Passei dias e noites, chuva e sol. Tentando recuperar aquele belo jardim. Algumas vezes dava vontade de deixar o jardim morrer mesmo, porque o matagal que se formou e os insetos que nasceram, pareciam não querer ir embora. Ainda bem que não desisti, contei para alguns amigos o que estava fazendo, eles vieram me ajudar. Ai comecei a perceber que o jardim tava voltando... o melhor de tudo foi quando ele começou a agir por conta própria e renovou-se também.
E enfim, hoje o meu jardim voltou a ser belo. Com muitas flores e muita vida. Quem passa por mim sempre pede para ver e o jardim e na maioria das vezes eu mesmo convido os outros para o conhecerem, ele é muito bem visto. Voltei a me apaixonar e amar o meu maravilhoso jardim...
Devo ta parecendo uma louca, sentada aqui no chão, a olhar para a cama desarrumada.... Mas ainda não consegui aceitar o fato de você se foi, de uma vez por todas, da minha vida...
Há tão poucos segundos eu podia sorrir, porque tinha você, porque tinha o teu cheiro em meus lençóis, porque você estava aqui...
Mas ai, sem explicar, me deixa a chorar olhando para a colcha da cama....
Uma vez me ensinou que eu não devia me ater ao passado, mas como tantas outras coisas que você me ensinou, não aprendi isso também. E me arrependo de não ter aprendido mais com de você. De não ter aprendido a voltar a viver sem ti, de não ter aprendido a te deixar partir...
Queria poder te olhar mais uma vez e dizer que entre tantas lembranças, a que mais me dói agora, é a de você sorrindo ao me ver arrumar a cama sempre do mesmo jeito. Se adiantasse rasgar estes lençóis... você não vai voltar...
Por que teve que me deixar?? Não era hora de você ir, não era tempo de me deixar viver sem você...
Talvez eu devesse tocar fogo em tudo que me deste...e principalmente nessa cama onde tantas vezes te vi acordar a sorrir para mim... mas seria quase como te perder de novo. Não sei se iria suportar...
Por que eu to falando como se estivesse ao meu lado?por que eu não aceito o fato de que você simplesmente me deixou??
Lembra quando comíamos pipoca vendo um filme nesta, agora, tenebrosa cama?Lembra que você sempre estragava o final do filme com uma piada ridícula? Sentirei falta delas também...
Não deveria ter deixado você ir... E não venha me dizer que não havia mais jeito, eu sei que havia... um último suspiro talvez...
Não terei mais recadinhos em baixo do travesseiro nas manhãs de domingo me dizendo que me ama. Não mais me ligará ao sábado para dizer que não iremos sair porque marcou uma “pelada” com seus amigos... Não mais me fará chora por não ter lembrado de um dia importante, reparado no meu vestido novo ou simplesmente não ter dito que me ama... queria tá chorando por essas razões agora...pois ao menos eu ainda poderia te perdoar e mais uma vez sorrir sobre nossa cama...
Estas lágrimas que agora derramo enrolada em nossos cobertores nunca cessarão... talvez não apareçam tanto, pois como tu sempre dizes: sou fria. Era tu quem me aquecias....
Deixarei as rosas aqui, em cima da cama, pois prefiro te ver aqui em meus reflexos de memória, do que no túmulo que meros humanos construíram pra teu repouso... as rosas ficaram aqui, onde realmente lembro de ti...
Hoje pela manhã eu resolvi arrumar meu quarto, limpar, organizar e tudo mais que fazemos quando resolvemos “dar uma geral” daquelas que a mãe tá gritando a dias que vai nos obrigar a fazer. Na segunda irei para universidade, queria dar uma nova aparência nele, já que considero ele uma personalidade minha. Queria tirar a “cara colegial” dele.
Comecei pela organização, tinhas uns livros ali, outros pertos do all star, umas meias junto dos ursos outras na antena da tevê e uma, pasme, junto do meu caderno (como isso parou ali?). Consegui da uma cara de “quarto”.
Ai veio a parte que mais odeio, limpar... Achei tanto papelzinho velho, uns brincos quebrados, outros sem par, mais meias (eu tenho tanta meia assim??),canetas quebradas e por fim umas anotações do primeiro ano do ensino médio (quem vê até pensa que sou estudiosa...), comecei a ler uns meio q só p saber o que tinham. Descobri que eu realmente prestava muita atenção, pois as anotações eram sobre a calça ridícula do professor de matemática, da falta de noção da menina da frente que usava uma trança muito mal feita, umas conversas com Yuri, uns bonequinhos sem noção feitos tipo caricatura da galera e alguma coisa maluca de um professor que teimava em dizer que os elementos tinham família. No cantinho da folha tinha um coração e duas iniciais que participam da minha vida até hoje (R & C), nossa, quanto tempo....
Resolvi guardar tudo em uma caixa, para rever nos anos seguintes....
Comecei a por as coisas no seu devido local, achei uns cds velhos (sim, tinha backstreet boys) e mais meias (elas estão se multiplicando assexuadamente?). E tudo tava bem bonitinho, até parecia um “quarto de menina” (frase da mamãe).
A última coisa que fiz, foi mudar meu quadro de fotografias, tinham umas bem antigas, outras que já não faziam mais sentindo estar ali. Foi a parte mais difícil, não porque acho chato, mas simplesmente pelo fato de que mostrava uma mudança que iria ocorrer na minha vida. Amigos que com o tempo eu iria perder contato, momentos que daqui a uns meses seriam somente retratos de um passado, e o que mais me doeu, a assinatura de todos que eu via como amigos de verdade... Eu não queria me desfazer daquele quadro, mas precisava, tinha que dar espaço ao meu novo momento..
Resolvi parar pensar no meu futuro, coloquei Los Hermanos para ouvir, e sentei no tapete. Por um momento apenas vaguei nos últimos anos de minha vida, nos três últimos para ser mais direta. Lembrei quando cheguei atrasada no primeiro dia – tendo que dar um caloroso (e sem vontade) “Bom Dia” para todos meus “colegas” (odeio essa palavras) – sentando lá no fundo... Conheci pessoas tão importantes para mim, sorri de momentos tão bestas e conheci meu Tixo.
Bateu uma aflição... e a galera da universidade? Como seria? Será que eram chatos? Porre? Extremamente chatos? Ou psicopatas colecionadores de meias...?? Queria minha velha turminha de volta... não queria ter que tirar aquelas fotos, não queria por outras de um povo que nem conheço e muito menos deixar que meus amigos sumissem da minha vida. Passei mais umas horas abraçada com uns presentinhos que ganhei nesses três anos e olhando para as fotos...
Quando recompus (na verdade o cd tinha acabado, teria de escolher outro), decidi por algo mais motivador a nova vida, como não achei nada do tipo, coloquei Los Hermanos de novo. Tirei cada foto com um imenso carinho, relembrando a situação de cada uma. Foi um momento tão único, que quero lembrar para sempre.
Joguei fora o lixo, guardei a caixa de bilhetinhos, coloquei em uma caixa os cadernos e os livros e mandei as meias para a lavanderia.
Agora espero a volta delas para poder preparar-me para enfrentar minha nova vida com velhas meias mutantes.
P.S: Não me dê meias de presente, provavelmente eu tenho o suficiente para ter uma velhice saudável de pés bem aquecidos...
Começar um Blog....
Bom já tenho um...mas ele é meio que secreto,
fiz este aqui apenas para postar uns textos e uns desvaneios que me surgem no meio da caminhada da vida. Espero que gostem dessa budega, puxem uma cadeira e sentem-se...
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